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Caminhão-pipa lucra com venda de água: compra por R$ 32 e vende por R$ 4mil

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  • Diferença de 12.181% revolta moradores de bairros do Rio que sofrem com a falta de água desde quinta-feira

  • Lista de espera por abastecimento é grande

Camihões-pipa abastecem posto de abastecimento de água da Cedae, na Avenida Presidente Vargas Foto: Marcos Tristão / O Globo

Camihões-pipa abastecem posto de abastecimento de água da Cedae, na Avenida Presidente Vargas Foto: Marcos Tristão / O Globo

A cerca de um quilômetro de distância da casa da comerciante comerciante Elzira Cristina Botelho Lambertini, no Rio Comprido, fica o posto de abastecimento de água da Cedae, na Avenida Presidente Vargas, onde donos de caminhões-pipa estão formando filas para recarregar seus veículos e atender a centenas de chamados da parte dos cariocas que continua vivendo sem uma gota de água desde que o sistema de tratamento de Guandu parou para manutenção, na quinta-feira. Elzira, de 55 anos, desistitu de tentar um caminhão por telefone, pegou o carro e foi para lá negociar. Saiu do posto acompanhando um caminhão, cujo proprietário não deixou barata a prioridade dada à Cristina: cobrou R$ 4 mil por 10 mil litros de água. Antes, ela pagava até R$ 900. A Cedae informou que a mesma quantidade é vendida a R$ 32,57. A diferença é de 12.181%. O presidente da Cedae, Wagner Victer, criticou o valor cobrado aos consumidores:

— É um roubo. É lamentável que as pessoas se aproveitem dessa situação para ter esse lucro absurdo. Infelizmente, o mercado de carros-pipa não é regulado – afirmou Victer.

Elzira disse que, se for preciso, irá à Justiça para garantir o direito à água.

— Antes era R$ 800, R$ 900, na sexta estava por R$ 1.500 e hoje, R$ 4 mil. Isso é um absurdo. Mas não vivemos sem água e já não suportamos mais essa situação. Meu neto, que mora na Rua Doutor Satamini, onde também não tem água, veio passar o domingo comigo. O síndico do prédio nem sabe que eu estou comprando, mas, se for o caso, vou até a Justiça para garantir o nosso direito de ter água. Estou revoltada. Alguma coisa muito séria está acontecendo. Não pode ser somente manutenção — desabafou Cristina, que mora no edifício Vivance, que tem nove andares e 72 apartamentos, na Rua Aristides Lobo, no Rio Comprido.

O GLOBO ligou para a empresa de transporte de água Pipa´s D´água para saber da oferta e demanda do serviço. Ao perguntar o preço do caminhão com 10 mil litros, a atentende respondeu que em período de falta de água não há valor fixo.

– Quem encomendar vai precisar esperar. Tem uma fila grande de espera.

– Quantas pessoas estão na frente?

– Não posso dizer isso ao senhor.

– Mais de cem pessoas?

– É por aí.

– Qual o valor?

– O valor é combinado quando chega a vez do cliente.

– Mas não tem preço fixo?

– Em época de falta d’água não tem preço fixo.

O advogado especializado em Direito do Consumidor, Marcelo Nogueira, disse que se ficar comprovado que a interrupção do abastecimento d’água era de fato inevitável, a empresa não pode ser punida. No caso das empresas, a conduta viola o código de Defesa do Consumidor que proíbe empresas de obter vantagens excessivas do consumidor ou cobrar a mais por mercadorias e serviços sem justificativa. Segundo ele, este seria o caso já que há oferta de água nos pontos de abastecimento, mas as empresas se aproveitam do consumidor :

– O consumidor pode até mesmo entrar na Justiça solicitando o ressaricmento pelos valores cobrados de forma excessiva.

A Cedae não sabe precisar quantos bairros ainda estão desabastecidos, mas o GLOBO recebeu reclamações de moradores de Flamengo, Botafogo, Lapa, Bairro de Fátima, Tijuca, Maracanã, Vila Isabel, Laranjeiras, Cosme Velho, entre outros, que ainda sofrem com a falta de água. Nas redes sociais, há também queixas de Santa Teresa e do Catumbi.

O presidente da Cedae afirmou que 98% da cidade estão com o fornecimento de água normalizado. E garantiu que até o fim desta noite a situação deverá estar completamente controlada. Ele voltou a dizer que a paralisação da Estação de Tratamento de Guandu ocorreu para uma grande operação de manutenção preventiva “que é feita uma vez por ano para evitar problemas durante o verão, quando a demanda de água é maior”. Segundo ele, foram feitos cerca de 150 serviços no Rio e na Baixada, desde a inspeção, limpeza e trocas de peças até o remanejamento de redes inteiras por conta de obras, como as do BRT, por exemplo.

— Foram seis meses planejando essa operação para evitar o menor impacto possível na população. A estação foi religada 24 horas depois, como estava previsto, mas diferentemente da energia elétrica, o fornecimento da água não é imediato. Após a ligação, pois ela precisa chegar até as subestações — disse Victer.

Ele ressaltou que a paralisação do sistema provoca problemas pontuais pela cidade e que, por isso, ainda há usuários sem água. No Maracanã, por exemplo, houve o vazamento numa rede, que foi consertado na manhã deste domingo. Como a subestação teve que ser desligada, o abastecimento dos bairros da Grande Tijuca, além de trechos de Santa Teresa e de Laranjeiras foi prejudicado. A previsão é de que, até o fim da noite, o serviço esteja normalizado.

— Não há regiões específicas da cidade que estejam sem água. Há problemas pontuais, que estão registrados e reparados. Sou morador da Ilha do Governador e também fui afetado com a falta de água, mas lá a situação está normalizada desde ontem — disse.

fonte:oglobo

Um pensamento sobre “Caminhão-pipa lucra com venda de água: compra por R$ 32 e vende por R$ 4mil

  1. ISSO É UMA VERGONHA A CEDAE TINHA QUE POR ESSA AGUA PARA POPULAÇÃO A PREÇO JUSTO. SAFADOS CAMINHONEIROS.

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